segunda-feira, 16 de maio de 2011

Doações de planos de saúde a campanhas eleitorais cresceram 760% em relação a 2002

Em 2010, empresas deram cerca de R$ 12 milhões para 157 candidatos, aponta pesquisa.

De acordo com levantamento realizado pela Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) e UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), o financiamento de empresas de plano de saúde para as campanhas de candidatos vêm crescendo a cada eleição. De 2006 a 2010, as doações oficiais, registradas no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), cresceram 39,5%. Em relação a 2002, o aumento foi de 760,8% e o número de empresas doadoras saltou de 15 para 49. As informações são da Agência USP.

Nas eleições de 2010, as empresas de planos de saúde destinaram cerca de R$ 12 milhões para as campanhas de 157 candidatos a cargos eletivos, 75 deles eleitos. Segundo o estudo, em 2009, o setor de saúde suplementar teve um faturamento de R$ 64,2 bilhões.

A pesquisa analisou 1.061 empresas de planos de saúde em atividade no Brasil, registradas na ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) em 2010, e as doações oficialmente registradas nas prestações de contas de candidatos e partidos.

Interesses

Segundo Mário Scheffer, pesquisador responsável pelo levantamento, “esse aumento do montante de doações oficiais reflete um possível interesse em se ter uma bancada no Legislativo e cargos no Executivo”.

- Com uma bancada no Legislativo é possível impedir uma legislação que desfavoreça os planos de saúde, como o aumento da cobertura para pacientes, o limite no reajuste dos preços das mensalidades e exigências mais rígidas em relação ao atendimento.

Em relação às doações para campanhas para o Executivo, o pesquisador lembra que cargos estratégicos podem ser concedidos a representantes dessas empresas e mudanças em legislações estaduais podem favorecem a atuação do setor.

Um exemplo é a recente lei do Estado de São Paulo, que reserva até 25% de seus leitos para as empresas de planos de saúde em hospitais públicos do SUS (Sistema Único de Saúde).

O pesquisador afirma que “ainda que legítimo, este lobby não é transparente e exclui interesses públicos”.

- Por isso é importante monitorar as doações e os mandatos dos eleitos para que não prevaleçam interesses particulares no setor da saúde.

Em 2010, os planos de saúde contribuíram com as campanhas presidenciais. Ao todo, 38 deputados federais, 26 deputados estaduais, cinco senadores e cinco governadores contaram com os recursos para se elegerem.

Fonte: R7

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