Recentemente, jornais anunciaram a decisão do Conselho Federal de Medicina (CFM) de trabalhar pela adoção de medidas para tornar mais transparente e ética a atuação da indústria farmacêutica em relação ao médico e vice-versa. Essa não é posição isolada, mas a expressão do coletivo do CFM, atento à defesa da ética no exercício da profissão.
Os excessos praticados por setores da indústria de medicamentos e equipamentos médicos se avolumam ao longo dos anos.
Para eles, como é natural, a saúde é um negócio. O entendimento alarga o fosso entre a alma do empresário e a missão do médico, para quem o trabalho deve render honorários adequados, sem cair na armadilha da mercantilização. Do ponto de vista de normatização do trabalho médico, buscamos aperfeiçoar critérios para a relação do médico com a indústria e o comércio, previstos no Código de Ética Médica, além da aprovação de resolução que proíbe a distribuição de cupons e cartões de desconto em medicamentos.
Elaboramos um protocolo de ações a ser firmado com a indústria em breve. Por tratar-se de um tema denso, agimos com cautela para preservar o que for justo, idôneo e correto. Nosso foco é o abuso – dos dois lados –, que põe em suspeição a prática da medicina e a saúde dos que atendemos em nossos consultórios. Ora, não podemos aceitar nenhuma prescrição ou indicação médica em troca de agrados ou brindes.
O médico não pode ser reduzido à condição de garoto-propaganda. Nossa posição se alinha às medidas adotadas pelos Estados Unidos e por países da Europa, que têm expressado preocupação com o marketing dos laboratórios. O mundo marcha nessa direção e no Brasil não deve ser diferente.
Fonte: Diário Catarinense
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